Transtornos alimentares: como pensa, sente e se comporta quem tem?
18 de Maio de 2022
Pessoas que têm transtornos alimentares tendem a pensar de forma extrema e incondicional, o que se chama de pensamento "tudo ou nada". Elas estabelecem dietas rígidas, pouco realistas e, se saem minimamente dos seus planejamentos, a sensação costuma ser de fracasso intenso e de perda de controle.
Isso é suficiente para que os indivíduos com transtornos alimentares relacionem essa "falha" à sua capacidade e ao seu valor pessoal, o que reforça as crenças do transtorno e perpetua o ciclo da doença.
Além disso, sentimentos de tristeza e angústia são comumente relatados nos transtornos alimentares, o que faz os indivíduos acometidos se isolarem de outras pessoas e manterem a crença de que o emagrecimento é a solução para se libertarem da tristeza, da angústia e de outras emoções que julgam aversivas.
CRENÇA
Na anorexia e na bulimia nervosas, há uma crença de que o valor pessoal está relacionado com a forma do corpo e o peso estabelecidos culturalmente como ideais.
Assim, o indivíduo com essas condições sente um medo intenso de ganhar peso e tem distorção da percepção da sua forma corporal, o que desencadeia comportamentos alimentares disfuncionais que podem ser restritivos, compulsivos ou compensatórios.
No transtorno de compulsão alimentar (TCA), os indivíduos utilizam o comer compulsivo como uma compensação para conflito que desencadeiam ansiedade e tristeza, utilizando o alimento como gratificação e consolo emocional sem que haja qualquer controle da ingesta dos alimentos.
CÉREBRO
A principal célula do cérebro é o neurônio, que recebe, integra e transmite os estímulos (informações). Para isso, ele conta, em grande parte, com a função dos neurotransmissores, substâncias químicas que agem de modo a possibilitar a comunicação entre um neurônio e outro.
Os neurotransmissores estão associados à modulação de diversos comportamentos humanos, incluindo humor, sono e apetite. Sendo assim, a sua desregulação pode estar relacionada com a gênese de diversas doenças psiquiátricas, entre elas, os transtornos alimentares.
A serotonina age nos mecanismos regulatórios do apetite e do impulso de comer, e o aumento desse neurotransmissor na fenda sináptica pode produzir saciedade, do mesmo modo que a sua diminuição pode aumentar o consumo de alimentos e o ganho de peso.
Nessa mesma linha, a dopamina tem a capacidade de inibir o apetite. Assim, na anorexia nervosa, o aumento da atividade dopaminérgica poderia possibilitar a recusa alimentar, ao passo que a sua diminuição poderia desencadear os comportamentos de compulsão alimentar na bulimia e no transtorno de compulsão alimentar.
LITERATURA
O livro "O que você precisa saber sobre transtornos alimentares e tem medo de perguntar", de autoria das psicólogas Fernanda Pasquoto de Souza, Gisele Iesbich Vargas e Margareth da Silva Oliveira, foi recentemente lançado pela Sinopsys Editora.
Parte da coleção "O que você precisa saber e tem medo de perguntar", que busca explicar aspectos relacionados a transtornos mentais para não especialistas, a obra esclarece dúvidas tanto para profissionais quanto para pacientes, familiares e pessoas que, de alguma forma, têm envolvimento com transtornos alimentares.
Para uso clínico e familiar e direcionada à faixa etária a partir dos 18 anos, a publicação caracteriza-se por sua linguagem clara, objetiva e acessível a todos que tenham interesse em entender um pouco mais sobre o assunto.