Psicologia hospitalar: atuação em unidade de terapia intensiva
04 de Maio de 2022
Os movimentos de humanização do atendimento hospitalar abriram as portas para a entrada do psicólogo também na unidade de terapia intensiva (UTI). A valorização das habilidades de comunicação e a inclusão dos pacientes e de seus familiares na tomada de decisões sobre o tratamento trouxeram a esse profissional a possibilidade de atuar como um mediador entre eles e a equipe interdisciplinar de saúde.
As UTIs acolhem pacientes que exigem cuidados contínuos, mais detalhados e intensivos que garantam a preservação de sua vida. Nessas unidades, há grande quantidade de profissionais para atendimento e de aparelhos que disparam alarmes com frequência, conferindo ao ambiente uma atmosfera diferente em relação ao resto do hospital.
Diante dessas características, essas unidades adquirem, do ponto de vista dos pacientes e de seus familiares, um simbolismo particular, que costuma estar associado, em grande parte, à maior gravidade e, consequentemente, ao risco de morte.
ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Dessa forma, o tratamento em uma UTI pode ser estressante e psicologicamente traumático para o paciente e sua família. Os sintomas psicológicos mais frequentemente observados tanto nos pacientes quanto nos familiares são ansiedade e depressão.
As equipes que atuam nas unidades de tratamento intensivo também são afetadas por seu contexto. É comum o desenvolvimento da síndrome de burnout, que prejudica o desempenho e reduz a satisfação no trabalho e a qualidade de vida do profissional.
ATENDIMENTO INTEGRAL
Estudo de revisão sobre aspectos emocionais e necessidades psicológicas de pacientes em UTIs aponta que a presença do psicólogo hospitalar na equipe multidisciplinar é essencial para a garantia do atendimento integral aos pacientes. Percebe-se, ainda, sua importância para o atendimento aos familiares e o suporte à equipe.
Sendo assim, o trabalho do psicólogo nas unidades de tratamento intensivo consiste em atender às demandas dos pacientes, dos familiares e da equipe, enfocando os aspectos psicoafetivos.
LIMITAÇÕES
A maioria dos pacientes não está em condições de receber o atendimento psicológico no formato tradicional, devido à sedação e ao consequente rebaixamento do nível de consciência.
Além disso, em geral, eles apresentam limitações de comunicação por estarem em ventilação mecânica com tubo orotraqueal ou traqueostomia. Ainda há aqueles que se sentem sonolentos devido às medicações ou ao fato de não dormirem à noite, preferindo adiar o atendimento.
OBJETIVOS
Os objetivos dos atendimentos do psicólogo hospitalar aos pacientes nas UTIs englobam avaliações: estado psicológico; compreensão do diagnóstico e prognóstico; reações emocionais diante da internação e da doença; adaptação à hospitalização (sono, alimentação, contato com a equipe, aceitação dos procedimentos, etc.); e necessidades individuais durante a internação (objetos pessoais, visitas extrarrotina, atividades de recreação, etc.).
Também são tarefas desse profissional a psicoeducação sobre equipamentos, dispositivos e doença; a psicoterapia; a facilitação da comunicação com familiares e equipe; e as orientações sobre rotinas de internação.
LITERATURA
O livro "A prática da psicologia no ambiente hospitalar", organizado pelo psicólogo Ricardo Gorayeb e publicado pela Sinopsys Editora, descreve o nascimento, o crescimento e o estabelecimento do Serviço de Psicologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HCFMRP/USP) em ambiente hospitalar, colaborando para a formação do psicólogo e servindo como um modelo de atuação.
Por ser um livro prático, os capítulos são escritos em linguagem simples e de fácil compreensão, com relatos de casos e descrição de intervenções. A participação ativa de colaboradores com estilos diversos torna o texto dinâmico e atraente. São descritos o estado da arte na literatura nacional e internacional de cada área de atuação.